Solange Maria Bigal
Design sonoro não é trilha
Este ensaio pretende demonstrar a diferença latente entre duas linguagens deveras expressivas: a trilha sonora e o design sonoro. Há entre elas um jogo de deslocamento de significados e também de estímulos absolutamente possível de ser descrito através de palavras. Consta certo apontamento histórico de alguns eventos que as caracterizam, como uma diacronia apenas figurativa. O corte sincrônico é o que esclarece praticamente tudo.
Trilha sonora no filme publicitário
Ainda hoje o papel principal da trilha sonora no filme publicitário é comumente o de legenda, uma legenda sonora. Absorve os ruídos do ambiente sonoro e neutraliza qualquer ambiguidade na transmissão. Cumpre a função sonora de incitar, tencionar, relaxar, comover, divertir o receptor. Mas quando imagem e som se justapõem a história é bem outra: os meios expressivos como a música, efeitos e ruídos de toda espécie se cruzam. Tudo consiste num jogo de abstrações gráficas visuais e sonoras, de pigmentos, fumaça, luzes e pixels.
Design & desejo
Como quem quer desvelar paisagens inesperadas nas sínteses conjuntiva e disjuntiva do pensamento, neste ensaio pretende-se ativar uma relação inerente aos dois princípios: design e desejo. O design é em verdade a própria manifestação da existência objetiva do desejo. Ele o segue, o obedece, o apóia, não sobreviveria sem ele. A rigor, o mesmo processo de funcionamento: substancialmente produtivo, substancialmente produtivo e desejante.
Design de Composição: um modo de fazer design inspirado em Espinosa, Deleuze e Guattari
O que se pode dizer do Design: é um signo de multiplicidades e como tal expande-se às mais diversas atividades. Há na sua variedade de funções qualquer coisa extraordinária de uma estética de composição. Suas atividades não se limitam a uma área, uma habilitação, um estilo, uma data. Constituem apenas uma silhueta afeto-compositiva, um aumento da potência de agir das cores e dos sons de todas as formas de Design.
Design sonoro
As vanguardas históricas são os ancestrais do design sonoro: o ranger das máquinas de produção em série, o eco oco das abóbadas celestes, a desautomatização dos hábitos e costumes, o coletivo, a fusão entre a arte e a vida, a utopia mesmo de elevar a vida apesar da industrialização. É como se o som ultrapassasse os limites que a imagem fixa e daí uma bela afinidade entre a imagem e o som desponta-se.